(Artigo escrito por Mario Fernández Pereiro)
Umha das facetas máis fascinantes para o ‘grande público’ que tem a Arqueologia, entre outras cousas, é a parte do nosso trabalho que tem que ver com o aspeto material. Pouca gente, quando estas tomando algo depois do remate da jornada de trabalho, pergunta pola sequência estratigráfica ou pola quantidade de mostras de pole ou de sedimento recolhidas para a sua posterior análise. A pergunta tradicional é, mais ou menos: “Que? Muitos tesouros?” Ao que, as respostas varíam: “Se houvera nom estávamos aqui.” “Estamos gastando-o aqui no bar.” Ou “Logo repartimos.”

A busca dos tesouros foi, de feito, a origem da Arqueologia. Por sorte, essa limitaçom foi superada e agora interessa-nos mais o contexto que a peça em si. Bom, esta é a teoria, ainda que a todas gostamos de ‘sacar’ algumha peça única, e quem diga o contrário está faltando á verdade. Senom, só tendes que mirar as nossas redes sociais, quando publicamos fotografias dum revólver, umha moeda ou um fragmento de terra sigillata. Mais, estas peças características e singulares nom som importante só por isto, senom porque aportam as nossas investigações muitíssimos dados, simplesmente por isso, polo singulares que som.
Ponho exemplos. Nas escavações do Castelo de Valencia do Silexumamos umha boa quantidade de cerâmica, vários centos de fragmentos. Desgraçadamente, a cerâmica do período onde foi ocupado o Castelo é bastante genérica, sendo semelhante durante vários séculos, o que nom nos permite emprega-la como fóssil datante. Em cambio, um pequeno fragmento de terra sigillata atopada em conjunto com mil fragmentos de cerâmica comum permite ter umha hipótese da cronologia desse contexto. Isto é devido a que a terra sigillataé umha cerâmica de alta qualidade e moi característica, com diferentes traços decorativos e morfológicos ao longo da sua produçom, permitindo classificar cronologicamente as peças e, incluso, saber em que parte do Imperio se realizou: há sigillatas itálicas, gálicas, hispânicas, africanas, etc.

Outro exemplo característico, e que também atopamos no Castelo, som as moedas. A ciência do estudo das moedas é um mundo peculiar, mais que surpreende as que nom estamos familiarizadas com el. A numismática romana está moi bem estudada e caracterizada, o que permite, dependendo do estado de conservaçom da moeda, identificar o emperador, o que permite saber a cronologia, e, incluso, o lugar onde foi acunhada. Estes dous dados som moi interessantes já que, por umha banda, sabemos umhadataçompost quem do contexto no que se atopou. É dizer, se a moeda é do 325, sabemos que o lugar onde se atopa é posterior a este momento. E, pola outra banda, saber de onde venhem, indica, por exemplo, as redes de comércio do momento.
Entom, como já ocorreu, estamos escavando no Castelo de Valencia do Sil e, depois de retirar um derrubamento massivo de lousas e pedras, é dizer, o louxado e as paredes da estância; chegamos a um nível de terra onde, entre todo o conjunto de materiais que recuperamos, localizamos um par de fragmentos de terra sigillatae umha moeda romana. Depois do seu estudo sabemos que os fragmentos de terra sigillata pertencem a una terra sigillata africana, com a forma Hayes 61, datado entre o 325 e o 450 e.c.; e que a moeda é um medio centenionalacunhado baixo o reinado de Constante, Emperador do Imperio Romano de Occidente,e datada entre o 345-347 e.c. Polo tanto, podemos ter umha ideia de quando se ocupou e abandou essa estância, nom é?
Agora, usemos a imaginaçom. Na vez de escavar com metodologia arqueológica, facemos um fochanco e sacamos soamente a anterior moeda (que por certo é umha pecinha de cobre). Ou, melhor, umha moeda de ouro. Isto que fixemos, como já imaginastes, é um burato de espólio. E de que nos serviu sacar esta peça da terra e do seu contexto. No melhor dos casos, para a meter numha caixa a enferrujar com outras tantas peças. No pior, vendé-la e tentar sacar benefício econômico dum roubo. E toda a informaçom da que falamos no paragrafe anterior acaba de desaparecer.
Por isso nos queixamos quando aparecem buratos de espólio nos xacementos arqueológicos, já que cada peça desenterrada ilegalmente é um contexto arqueológico perdido. É umha perda irrecuperável para o estudo do nosso passado. Como dizia umha personagem numha pelicula: “O contexto é o contexto”, nom é?